AI Index 2025: Aceleração, Impacto e Novos Dilemas Globais

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A edição 2025 do AI Index, publicada pela Stanford HAI, confirma o que muitos já sentem no dia a dia: a inteligência artificial está avançando ao mesmo tempo em múltiplas frentes. O relatório reúne dados globais sobre desenvolvimento técnico, adoção de mercado, investimentos, governança e impacto social. O resultado: A IA não está mais entrando. Está se espalhando.

Os ganhos de desempenho são expressivos. Modelos de linguagem e sistemas multitarefa continuam evoluindo com rapidez. Em benchmarks como MMMU, a melhora foi de 18,8 pontos percentuais. No GPQA, a evolução chegou a 48,9 pontos. No SWE-bench, voltado a engenharia de software, o salto foi de 67,3. Esses números não apontam apenas para mais capacidade de resposta. Indicam avanço em tarefas mais complexas, exigindo raciocínio e generalização.

A adoção cresceu no mesmo ritmo. Em 2024, 78% das organizações relataram uso ativo de IA, contra 55% no ano anterior. Na área da saúde, o número de dispositivos baseados em IA aprovados pela FDA chegou a 223 em 2023. Em 2015, eram apenas seis. A transição da experimentação para o uso real está acontecendo em setores críticos.

O capital privado segue acompanhando esse movimento. Os Estados Unidos lideraram com 109,1 bilhões de dólares investidos em IA, doze vezes mais que a China. O capital de risco voltado a IA generativa cresceu 18,7% em um ano. Ainda que os EUA mantenham a liderança técnica, a China encurtou a distância. Ao mesmo tempo, novas regiões passaram a aparecer com mais força, como América Latina, Sudeste Asiático e Oriente Médio.

A governança entrou no radar com mais força. O número de regulações relacionadas a IA mais que dobrou nos Estados Unidos em 2024. Organizações multilaterais como OCDE, ONU e União Europeia passaram a atuar com mais frequência e articulação. Mesmo assim, o relatório destaca a distância entre declarações de princípio e práticas efetivas, especialmente em relação à IA responsável.

Também há limites importantes. A capacidade de raciocínio lógico dos modelos ainda é baixa. A desigualdade no acesso educacional às ferramentas de IA persiste e amplia diferenças. Esses pontos não podem ser ignorados. Precisam entrar nas decisões de quem lidera, desenvolve, regula ou investe.

O AI Index não é só um relatório técnico. É um instrumento estratégico para entender a nova infraestrutura que está se formando. Quem atua com produto, tecnologia ou políticas públicas precisa olhar com atenção. Porque os dados não mostram só o que aconteceu. Mostram onde as decisões precisam ser feitas agora.

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Bruno Rodrigues
Por Bruno Rodrigues