Modelos de linguagem avançados são capazes de gerar textos coerentes, responder perguntas complexas e simular conversas com alto grau de fluidez. Mas mesmo entre os sistemas mais sofisticados, persistem limitações que expõem uma diferença fundamental entre reconhecer padrões e compreender relações. Uma dessas limitações tem nome: a maldição da reversão.
Essa falha acontece quando um modelo aprende que “A é B”, mas não consegue responder corretamente a uma pergunta equivalente, como “Quem é B?”. Por exemplo, um modelo pode ter armazenado inúmeras frases dizendo que Valentina Tereshkova foi a primeira mulher a ir ao espaço. Mesmo assim, ao receber a pergunta direta “Quem foi a primeira mulher a ir ao espaço?”, ele pode errar, simplesmente porque essa inversão lógica não está entre os padrões que ele aprendeu a reproduzir com alta confiança.
Esse comportamento revela algo mais profundo sobre como os LLMs operam. Eles não entendem conceitos como seres humanos. Eles identificam padrões estatísticos e associam tokens com base em frequência e contexto. Não há representação explícita de causalidade, identidade ou equivalência. Tudo depende da forma como a informação foi apresentada no treinamento e de como ela é solicitada na interação.
Para quem constrói com LLMs, esse tipo de falha não pode ser tratado como exceção pontual. Ele é estrutural. E conhecer suas causas ajuda a extrair o melhor dessas ferramentas. Ao entender que a apresentação da informação importa tanto quanto seu conteúdo, conseguimos escrever prompts mais claros, projetar testes mais robustos e construir estruturas auxiliares que mitigam essas falhas.
Esperar que esses modelos raciocinem como humanos é um erro de expectativa. A chave está em aprender a pensar com eles. Isso significa adaptar linguagem, revisar formatos e criar ambientes onde os acertos não dependam de sorte, mas de intenção.